San Telmo tem uma linda casona do século XVIII, que me dava dó ver fechada. Ontem descobri que não está mais! Depois de três anos de restauração reabriu batizada de Pulpería Quilapán, e parece que nasceu realmente com o espírito do nome.
Por Gisele Texeira
As “pulperias” (com acento em espanhol, pulpería) eram antigos comércios da região do Rio da Prata. Uma mescla de armazém com taberna, onde se reuniam gauchos, paisanos, criollos, índios e negros para fazer compras, tomar uns tragos, jogar, comer e se divertir.
A Quilapán também tem múltiplas funções. É um bar-restaurante para degustar vermuts, vinhos, picadas e comidas argentinas, mas também um “armazén de ramos generales“, onde se pode comprar de vinhos a sabonetes.
Tem ainda um espaço ao ar livre com diversos jogos, oferece aulas de folclore e projeções de filmes. Confira a agenda aqui. Para arrematar, o vivente pode até jogar bocha e, se for pajador, é só pedir o violão e começar a cantar. Oigaletê!
O nome “Quilapán” é em homenagem a o último grande chefe mapuche, que é como se chamavam os povos originários da Patagônia. O lugar foi comprado por dois franceses, Tatiana e Grégoire. Está decorado com objetos antigos que o casal foi adquirindo em casas de antiguidades pelo país e também de peças que foram encontradas na própria casa – durante as obras eles descobriram dois poços, datados de 1860, e tiveram que interromper os trabalhos para a chamada de arqueólogos. As relíquias encontradas neste processo estão em exposição.
Ontem a gente entrou para tomar um café, mas vamos voltar para picadas e vinho neste outono. Por enquanto, fiquem com a tenda online, que além de vender muitas coisas traz uma quantidade de informação interessante sobre cultura argentina. Antes de ser pulpería, esta casona foi oficina mecânica, hotel, fundação, milonga, escola de tango, galeria de arte. Mas agora tem toda a pinta de que vai sossegar.
